Seu Lobo

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Ele tá vindoooo! Uhauuuu!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Maioridade Penal aos 16 anos no Brasil. Isso é com você?












No meu Face um amigo mui querido replicou um dos meus posts em defesa redução da maioridade penal no Brasil assim: 

Recomendo uma visita ao Centro de "Ressocialização" para o Menor Infrator localizado na Maiobinha[1], para todos que queiram amadurecer opiniões sobre redução de idade penal. Quiçá descubramos que o problema não está na IDADE para ser punido, mas COMO ser punido”. 

Ok, respondi. E enquanto nós não encontramos uma "maneira mais adequada" de punição, ante a falência dos sistemas judiciário e penal no país, enquanto "amadurecemos" nossas opiniões, os tiros na cabeça continuam. Não preciso ir à Maiobinha pois sei muito bem o que acontece (e o que não acontece) lá. Aquilo não existe, é simplesmente um nada, uma indecência, um abandono. Mas, mesmo que ali fosse uma UPA-DE-RICARDO-MURAD[2], tudo funcionando uma belezinha, com todo o conforto, pessoal de apoio, psicólogos, assistentes sociais, psiquiatras, pediatras, sociólogos e tudo quanto mais existir de "ólogos", "átras" e "entes", ainda assim: tiro da cabeça é crime, é caso de justiça comum e não pode ficar no limbo da inimputabilidade.

O mundo mudou, não é o de 40 anos atrás. Hoje todo mundo sabe o que é certo e errado, principalmente quando se trata de ASSALTAR E MATAR. A redução da maioridade penal é uma obrigação moral e um dever do poder público em proteção do povo brasileiro que trabalha e luta honestamente. Independente disso, ninguém merece ser "justiçado" sumariamente com um tiro na cabeça em via pública, por um menor, sob o argumento canalha de que "ninguém é inocente numa sociedade capitalista" ou de que "qualquer que anda num carrão está afrontando a pobreza e atraindo a violência", ou então "quem manda andar de carro farreando de madrugada enquanto os pobres não têm o que comer". São argumentos canalhas sim, que tentam justificar o crime culpando a vítima. Ninguém tem direito de tirar a vida de outro a seu juízo, além do Estado, e ainda assim, dentro do ordenamento jurídico. Não é o caso do Brasil, pois não temos pena de morte. Então, se nem o Estado brasileiro tem essa prerrogativa, por que um menor a tem? Por que ele pode matar com tiro na cabeça por um par de tênis ou um celular? Isso é uma monstruosidade que nenhuma sociedade moderna deve tolerar sob argumento algum, muito menos esses argumentos cretinos vindos de idealistas ingênuos, seja eles acadêmicos, ideólogos, socialistas, comunistas ou religiosos. Maioridade penal aos 16 anos já!



[1] O Centro de Ressocialização da Maiobinha fica em São Luís, capital do Maranhão, onde resido.
[2] Maneira jocosa de referir-se às UPAs – Unidades de Pronto Atendimento, do Governo Federal, que estão sendo usadas como propaganda política massiva pelo Sec. de Saúde do Maranhão, Ricardo Murad, cunhado da Governadora Roseana Sarney, para criar a ilusão de que o Estado está fazendo alguma coisa séria pela saúde.

domingo, 24 de junho de 2012

Crack: longe demais?





Ouvi dizer que há uma corrente dentre os traficantes que quer combater a venda do crack. Sim, traficantes também têm correntes, facções, linhas de ação, estratégias.  Eles pensam, sabia? Planejam. E por que uma dessas correntes quer combater o crack?  Simples: questão de economia, relação custo x benefício. O crack revelou-se uma droga tão pesada, tão viciante, que ultrapassou os parâmetros da viabilidade econômica do tráfico. É uma droga muito barata e tem que ser vendida em volume para dar lucro. Precisa de uma rede de distribuição muito capilarizada, fragilizando o controle dos chefes e aumentando o risco de apreensão e prisão. Além do mais, destrói seus dependentes, destrói as famílias, atinge mais a sociedade, aparece mais na mídia, cria um clima de comoção social, provoca mais a reação dos órgãos de segurança, chama mais a atenção. Os viciados em crack acabam sem dinheiro e roubam celulares e objetos para trocar pela pedra. Isso trás mais problemas pois os traficantes precisam vender esses objetos e ficam mais expostos. São milhares de celulares, computadores, máquinas fotográficas e outros eletrônicos (moeda preferida quando não há dinheiro) que precisam ser trocados por dinheiro. Não é uma boa liquidez.  Ainda mais, não tem ciclo de consumo duradouro, visto que os dependentes acabam na rua praticando delitos para sustentar o vício e terminam  ou morrendo, ou presos ou internados, ou – poucos –  recuperados. Há uma forte reação social contra o crack e cada vez mais os lucros dos traficantes estão ameaçados.

No início o crack surgiu como a droga-ouro, por seu alto poder escravizante. Deveria servir como porta pra a cocaína mas não cumpriu esse papel. Com o tempo, mostrou também o seu poder destruidor. Por ser barata é mais acessível às classes menos favorecidas.  A cocaína, mais cara, fica pessoas de maior poder aquisitivo, desde que não experimentem o crack.   Cocaína é mais rentável para os traficantes,  vicia mais devagar que o crack, é uma droga “cult”, “chique”,  fornece a ilusão de poder ser usada “socialmente”, ao contrário do crack. Viciados em crack só querem o crack. Viciados em cocaína que experimentam o crack largam a cocaína pelo crack. Conclusão dos traficantes: vamos combater o crack pois ele  poderá acabar com o nosso “negócio” a longo prazo.  Escrevo esse raciocínio pois vi algo assim numa reportagem de TV. Não sei até que ponto é verdadeiro. Mas faz algum sentido. Será que vamos ter que torcer para que os traficantes sejam mais efetivos no combate ao crack do que nossas autoridades?  A que ponto chegamos!