É, meus amigos, que mundo! Que
tempos! Insólita, inusitada e
sei-lá-mais-o-que, a declaração do Ministro Gilmar Mendes, na seção histórica
de ontem, dia 02/02/2012, onde o Superior Tribunal Federal- STF, o guardião
da nossa mais-que-remendada Constituição, discutia o futuro moral do Judiciário
brasileiro. O ponto nevrálgico: o
Conselho Nacional de Justiça – CNJ pode agir originariamente – ou seja, por
iniciativa própria – ou tem que esperar as famigeradas Corregedorias falharem
para só depois atuar? Uma questão crucial, pois, no fundo, tratava-se da
própria razão de ser do CNJ. O que são as tais Corregedorias? São colegiados de
juízes de cada tribunal constituídas para julgarem seus pares. Ou seja, colegas
julgando colegas. Companheiros de churrasco, de peladas nos campinhos da AMB
(Associação dos Magistrados do Brasil), de jantares, de colóquios, de
congressos, uma irmandade “da alta”, onde as famílias se entrelaçam em namoros
e casamentos, onde filhos são desde cedo direcionados para a carreira jurídica,
sendo que alguns passam em concurso e outros “passam”, e vai se firmando uma
elite, uma certa classe social de altos rendimentos à custa do erário público e
de muitas falcatruas – há exceções. É
nesse ambiente que as tais Corregedorias fazem-de-conta que atuam e o
Judiciário faz-de-conta que acredita. Olha, eu até tenho certa rejeição às
posturas do Min. Gilmar Mendes, mas dessa vez, ele foi simplesmente fantástico.
Sua declaração rompeu os anais da história. Vai virar bordão. E está
interligada com outro bordão bem mais antigo, o repto de Jesus Cristo ao responder
aos discípulos: “Se estes se calarem, as pedras clamarão”. Talvez o Min. Gilmar Mendes tenha lido o
Evangelho de João alguma vez na vida e aquelas palavras do Mestre ficaram ali esquecidas.
Bendita leitura então, pois evoca-la nesse momento de rara importância e
significado para a Justiça brasileira foi de uma felicidade ímpar. "Até as
pedras sabem que as corregedorias não funcionam”, disse o Ministro, no
ponto de maior inflexão de sua intervenção. Matou de pau!. Toma! Tá aí o que
precisava ser dito com todas as letras e com a autoridade de um ministro da
mais alta corte numa se suas mais solenes seções. Parabéns, Ministro. O Senhor
foi inspirado nesse santo momento cívico.
Tomara as pedras clamem também
ao coração do próprio Ministro, e ele venha a ficar louco pelo tempo suficiente
para que a fé em Jesus brote no seu coração e consiga, qual tenra plantinha, crescer
e florescer no meio da vasta plantação de sua sapiência, sobrepujando-a completamente
com a verdadeira e superior sabedoria, a do conhecimento de Deus.
Tô feliz hoje, pela chance
dada à Justiça de prevalecer. Tomara que consiga. Esperança!