Seu Lobo

Seu Lobo
Ele tá vindoooo! Uhauuuu!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Aulas de Japonês







Certamente não interessa muito para a 99,99% do povo brasileiro assistir aulas de japonês. Mas bem que seria de grande proveito aprender aulas de japoneses. Tem duas bem práticas e incomparavelmente mais simples do que os complicadíssimos ideogramas. Uma vem do campo ético e outra da cidadania.

A lição de japonês do campo ético é aquela que veio da TV, que diz que os japoneses encontraram milhares de carteiras porta-cédulas e cofres nos escombros do tsunami. Neles o equivalente a cerca de 78 milhões de dólares – isso mesmo: 78 MILHÕES DE DÓLARES – correspondente a perto de 125 milhões de reais. O valor é próximo do maior premio da Mega-sena já pago no Brasil (145 milhões de reais em 2009).  O “pior” (para vergonha nossa): a polícia japonesa montou um comitê especial para localizar cada um dos donos da grana e devolver pessoalmente cada centavo. (Pare e pense na polícia brasileira!) Os policiais ficaram satisfeitos por conseguirem devolver mais de 90%, mas a maior frustração – que resultou em pesar público – foi não ter conseguido localizar todos os donos. O resto do dinheiro teve que ser destinado a um fundo de recuperação patrocinado pelo Governo. E, “pior ainda” (mais vergonha para nós): não apareceram os aproveitadores (tão típicos da nossa cultura) para “reivindicar” o que não havia sido identificado. No Brasil vira notícia de destaque nacional, digna de louvor e premiação quando UMA pessoa acha UMA pasta com UM mil dólares e devolve.  Precisa falar mais alguma coisa?

Outra aula de japonês (também deu na TV, no Jornal Hoje do dia 29/09/11): No Japão as crianças ajudam diariamente na limpeza da escola onde estudam. A reportagem mostrou as cenas de crianças de 8 a 12 anos varrendo, passando pano de chão, limpando carteiras, mesas, recolhendo o lixo de cada dia depois das aulas. Imagine a compreensão da importância de ter um ambiente limpo quando a própria criança participa da tarefa de limpá-lo! Será que ela vai achar tão natural jogar lixo no chão como as daqui? “Trabalho infantil” – dirão as ONGs extremistas brasileiras! “Onde já se viu, que absurdo! Criança é pra brincar.”.  Sem dúvida o que as crianças fazem no Brasil – sujar a escola para os outros limparem – deve ser o correto, não é mesmo?

Pensando bem, essas lições de japonês talvez sejam muito mais difíceis de aprender do que os ideogramas da língua.  Ou não?

  

domingo, 18 de setembro de 2011

É o fim da Lei Seca?



O STF acabou de desclassificar o crime doloso cometido por motorista embriagado, reclassificando-o para homicídio culposo.  O caso deu-se no julgamento de um HC em favor de um acusado de, em estado de embriagues alcoólica, atropelar e matar uma mulher que caminhava na calçada, numa pequena cidade do interior de SP. O HC foi concedido agora, dia 14 de setembro de 2011, pela primeira turma do STF. A ministra relatora, Carmen Lúcia, votou pela denegação do HC. Porém o Ministro Luz Fux, divergindo da relatora, foi acompanhado pelos demais e o HC foi concedido. Este julgamento marca  a história do judiciário brasileiro pois inicia uma compreensão bastante diversa do que vinha sendo seguida nas instâncias inferiores.

Li o voto do Ministro Fux. Para mim, leigo no assunto e apenas um cidadão indignado, não foi nada fácil entender. Os especialistas que se manifestaram em blogs e reportagens pela internet foram, na maioria, favoráveis ao STF. Então, quem sou eu, né?

Pelo que eu entendi do que disse o ministro Fux não ficou provado que o sujeito queria matar aquela pessoa, nem que anuiu com o fato. Também  não bebeu premeditadamente para matar. Diz ainda que a diferença entre o dolo eventual e a culpa consciente reside justamente na pretensão original antecedente ao fato.  Assim, segundo o ministro – que, aliás, como é de praxe nas cortes, alicerçou seu voto com farta doutrina e jurisprudência - ninguém se embriaga e em seguida vai dirigir pensando em matar especificamente alguém – a não ser que isso fique provado, já que é possível a hipótese. As pessoas embriagam-se e vão dirigir, sabendo do risco de matar, mas esperam que não aconteça nada.  Isso configura apenas negligência pela violação do dever de cuidado. Já o dolo requer a intenção e a assunção do risco de produzir o resultado morte. Em suma, ninguém, exceto prova em contrário, dirige embriagado com a intenção de matar. Então tá.

Não tenho saber jurídico para contestar. Só sei que, pelos noticiários nos jornais e na TV, ao que parece, na Europa em geral e nos Estados Unidos a legislação é bem mais rígida nesse aspecto, principalmente, quando há morte provocada em decorrência de embriaguez.

A sociedade brasileira logrou acreditar que, com o advento da Lei 11.705/2008 - a chamada Lei Seca – as mortes no trânsito diminuiriam drasticamente. As estatísticas inicias mostraram-se assaz favoráveis. Porém, com o tempo, logo veio a ineficiência dos órgãos e o afrouxamento da fiscalização. A coisa perdeu seu inicial impacto.  Em seguida entrou em evidência o tal princípio da não produção de prova contra si mesmo, que desobriga o motorista de soprar o bafômetro.  Depois, veio a lei que praticamente elimina a prisão preventiva em crimes com pena mínima até 4 anos (Lei 12.403/2011). Agora essa decisão do STF, ainda que, segundo os entendidos, correta, banaliza ainda mais as expectativas do cidadão e lança uma nuvem escura sobre a tão desejada paz no trânsito.  

Então, é isso. O que eu posso dizer mais? Nada. Vou apenas ironizar com minha indignação: Pode beber à vontade. Por que abrir mão do prazer de uma latinhas de cerveja? O risco de acidente é administrável, não é? Acredite, você é o cara. Vai chegar em casa sem problemas. É só ter cuidado. Você pode, sim. Beba numa boa, depois pegue seu carro e vá para casa. Vá devagar e com cuidado. Provavelmente nada vai acontecer. Se for pego numa blitz, não sopre o bafômetro nem faça aqueles testes que eles pedem.  Recuse-se, pois você tem esse direito. Caso, devagar ou em alta velocidade – tanto faz – atropele e mate alguém, calma! Não é o fim do mundo! Você não será preso. Você não queria fazer isso, né? Foi sem querer “querendo”. Homicídio culposo não dá cadeia, nem antes e nem depois do julgamento.  Se condenado, terá uma pena de 2 a 4 anos de prisão, que será convertida em pagamento de fiança, ou monitoramento eletrônico, ou recolhimento domiciliar noturno, ou proibição de viajar ou frequentar bares, ou outras coisitas menores.  Mas, por favor, não tenha a desdita de atropelar e matar, digamos, o filho de um... (oops... melhor não falar).  


Desculpem-me. São palavras tolas essas. Desconsiderem, principalmente a última frase, muito infeliz.  Foi só desabafo.


O que eu desejo é que haja mais justiça. Se o STJ está correto em desclassificar o dolo na embriaguez ao volante, se o Legislativo está certo em flexibilizar a prisão para o homicídio culposo; se ninguém é obrigado a soprar um bafômetro, ou a responder aos testes de embriaguez, ou a colher sangue para análise de teor alcoólico, se a fiscalização não funciona....   só espero que os especialistas reavaliem a questão e encontrem não só uma maneira de fazer vigorar de verdade a Lei Seca, como também uma fórmula mais justa de penalização para quem, bêbado, mata ao volante. Do jeito que está não pode ficar. Ou pode?

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Qualidade na escola pública. O que queremos?




Qualidade é hoje a palavra da moda no mundo empresarial. Foi o engenheiro americano William Deming que a pôs em evidência na indústria japonesa no pós-guerra. O núcleo desse conceito subverte o paradigma anterior: a melhoria da qualidade resulta na redução das despesas e no aumento da produtividade. Antes a indústria tinha que aumentar a produção de bens de consumo. Qualidade não era tão importante e representava um custo a mais. Deming contrariou essa lógica e revolucionou os princípios da nova gestão industrial. Como consequência desse novo valor na gestão a importância do planejamento ficou ainda mais evidente.   Gerenciar sem olhar para o futuro é perda de tempo, recursos e gera atraso.

Que boas lições para o setor público. Especialmente para os ministérios de base, como educação, saúde e segurança pública.  

Deming elaborou os seus famosos 14 pontos para a gestão da qualidade total (veja em http://pt.wikipedia.org/wiki/W._Edwards_Deming).   Há controvérsias em torno deles, claro. Mas tem coisas interessantes. Por exemplo: 1-Criar constância de propósito de aperfeiçoamento de produto e serviço. 4-Acabar com a ideia de negócio compensador baseado no preço. E 10-Eliminar slogans, exortações e metas numéricas dirigidas aos empregados.  Se pelo menos esses três princípios fossem aplicados à educação, por exemplo, teríamos uma pequena revolução  iniciadora de uma grande mudança.

Como assim? O item 1-constância de propósitos de aperfeiçoamento até dá pra entender:  focar na melhoria e não apenas na produção. Produzir mais, sim, mas também produzir melhor. Produzir mais do melhor. O que aconteceu no MEC com sua política de universalização do ensino? Produzir mais do ruim, ou seja, mais educação ruim para mais gente; mais péssimas escolas para mais brasileiros.  A que isso nos leva?  Qual indústria sobreviveria enchendo o mercado de canetas que falham, tênis que rasgam-se ou de cadeiras que se quebram? Onde um país quer chegar multiplicando escolas que não ensinam para alunos que não aprendem?

Certo. Mas, e quanto ao ponto 4? Negócio compensador? Negócio no setor público? Sim, pois o setor público tem uma lógica dos negócios no que tange ao seu lado político. E o retorno, o lucro da política, chama-se voto. Quanto mais produtos vender, mais retorno terá. Quanto mais “obras” se fizer, mais votos em retorno. E com mais votos, mais tempo no poder. E o poder é o grande alvo dos políticos corruptos. Então, você anda pelo interior dos estados nesse brasilzão e cansa de ver Escola Fernanda Sarney, Escola Municipal Mário Covas, Centro Educacional Antônio Carlos Magalhães, Grupo Escolas Nome-de-político-qualquer e por aí vai. Quantidade dá voto. Fachada dá voto.

E o ponto 10: eliminar slogans e metas numéricas. Aí a coisa pega. Cada governo que entra adota uma logomarca diferente da oficial e cria um slogan. Assim driblam a lei que proíbe a personalização da função pública. Basta olhar a logomarca que o eleitor já sabe quem é o governador. Botar a logomarca em obras públicas então, perpetua a espécie. E tome números. Números, números e números. É o que importa. Metas numéricas. Quem vê as estatísticas de vagas na escola pública brasileira fica impressionado.  Mas todos sabemos que a maioria das escolas públicas do ensino básico no Brasil encontram-se em estado deplorável.

É hora de rever essa política. Hora de investir mais em Educação com E maiúsculo, centrada no aumento da qualidade do ensino. Os resultados vão demorar 15, 20 anos para aparecerem. Mas já se passaram 26 anos do regime militar e nada de resultados. Chegamos ao caos. Continuar com essa política é suicídio. Ou preservação do status-quo. Será isso que eles querem mesmo? Tomara que não.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Rosete no país do nunca-antes.




Rosete, uma brasileira. Pobre. Família típica dentre muitas por aí. A Dona Mãe de Rosete ficou órfã de mãe aos 8 anos, viveu com seus três irmãos e com o pai, mas logo os mais velhos casaram-se. A Dona Mãe de Rosete, num meio social de pobreza e subsistência, sem possibilidade alguma de educação, só tinha um destino: casar-se nova. Casou-se aos 15. Teve cinco filhos. Rosete foi a penúltima.

Rosete cresceu. Viu pouca convivência de pai e mãe. Já adolescente, viu pai e mãe juntos mas separados, apenas morando sob o mesmo teto. Conflitos, desencontros, discussões, brigas, sofrimento, poucos momentos de alegria.

Rosete viveu sua adolescência no momento em que o mundo dava sua grande virada social e cultural. O celular e a internet chegaram e transformaram a maneira como as pessoas se relacionam. Revolução dos valores! O mundo virou de cabeça pra baixo. Novos grupos de validação da moral e da ética, em grande vantagem sobre a família, a igreja e a escola. 

Rosete descobriu que a vida sexual livre era possível. Deus não castigava, não mandava um raio fuzilador sobre o pecador. E ainda dava até pra ganhar algum dinheiro. A tentação era grande. Mas Rosete não queria aquilo. Antevia qual seria o  fim. Mesmo sem o freio da religião funcionando, Rosete usou seu próprio freio. A saída? Mais uma vez, casar-se. E Rosete casou-se. Com um jovem também, trabalhador, que dá duro.

O relógio toca às 5 da manhã todo dia na casa de Rosete, na capital onde mora com seu marido. Eles se arrumam e saem apressados. O café, no trabalho. Andam 15 minutos até o primeiro ônibus, que passa pontualmente às 5:30h. Se perderem esse, chegarão atrasados. Próxima parada, terminal da integração, depois de 40 min de viagem. De lá, outro ônibus e mais meia hora até ao trabalho. Entram às 7 da manhã, saem às 16h. Hora e meia e dois ônibus depois, de volta à casa, lá pelas 17:30h. Tomar banho, lavar roupa, arrumar a casa, fazer compras, fazer comida e tudo o que der pra fazer até às 18:30h no máximo, pois Rosete tem que sair nessa hora, andar um quilômetro e meio apressada pra chegar, suada e arfante, à faculdade particular onde faz o curso de administração. Aulas até as 22:50h. O marido de Rosete vai busca-la. Andam um quilômetro e meio de volta, numa região perigosa, àquela hora da noite.  Depois do banho, lanche, soltar o botão do despertador e cama.

Essa rotina repete-se seis dias por semana. O sábado é um dia quase comum. Eles apenas chegam em casa coisa de uma hora mais cedo. Só sobra o domingo, onde Rosete vai de manhã pra a igreja. É onde respira social e espiritualmente, onde encontra pessoas que lhe abraçam, que conversam com ela, beijam e perguntam como vai sem ser por educação.  À noite, quando dá, volta à igreja, dessa vez com o marido. Tempo pra estudar? Pouco. Rosete tem que se contentar com o que aprende na sala de aula. Leitura complementar, quando? Como? Onde?  Segue a vida, Rosete, sem novela, sem noticiário, sem internet, sem estar no mundo, simplesmente por: falta de tempo. A prioridade é sobreviver.

Rosete e seu marido recebem líquido R$ 1.540por mês, somados os dois salários. Pagam R$ 250 de aluguel e R$ 400 da faculdade. Sobram R$ 890 para todo o resto: água, luz, telefone, gás, alimentação, vestir, calçar, ajudar a família, etc., etc. Pra duas pessoas, sem filhos, dá de sobra. São quase R$ 30 por dia, uma “fortuna” se for ver a miséria em volta. Eles reservam um pouco para uma poupança, para as emergências.  Ela os salva quando atrasos salariais acontecem.  Essa é a classe que fugiu da miséria e adentrou à linha de consumo. E essa é a “educação” a que essa classe tem “direito”.

Quantas vagas no ensino superior no Brasil são ocupadas por Rosetes?  Qual a importância dessas estatísticas que dizem que o governo do nunca-antes propiciou não-sei-quantas-mil vagas para os pobres no ensino superior? Certamente é “menos ruim” assim, mas é isso que queremos? O menos pior? Isso é normal? Isso é o possível? Essa é a sociedade que estamos construindo?  Onde vamos chegar com esse sistema?

Investir na educação básica deveria ser a maior de todas as prioridades. Mas isso é pra outro post. Por hora basta. Rosete, seu marido e milhões de brasileiros como eles são felizes ainda. Milhões de outros não tem a chance de apenas subsistir de forma semelhante.  E o presente não aponta para nada de tão diferente no futuro. Assim penso eu. E você?

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Eu sou Honesto?


Será que é possível aferir o grau de honestidade de uma pessoa? 


Tá Reclamando do Lula? do Serra? da Dilma? do Arruda? do Sarney? do Collor? do Renan? do Palocci? do Delúbio? Da Roseana Sarney? do Jucá? do Kassab? Dos mais 300 picaretas do Congresso?


Perambulando pelos sites na internet encontrei um texto sem autoria definida que fazia questionamentos éticos aos que facilmente gostam de criticar os políticos corruptos. Imediatamente tive a ideia de ajustar aquelas questões e criar um teste de honestidade.



Esse teste não tem valor científico, pois a moral e a ética estão fora do campo da ciência. Não há como aferi-los matematicamente.  O critério de apuração e os padrões de referência (faixas e classificação) são, evidentemente, bastante subjetivos. Porém podem servir como uma referência, ainda que não absoluta, com o objetivo de gerar alguma reflexão e confrontar a realidade da nossa condição humana.



Antes, deixe-me trazer aqui uma parábola que Jesus contou aos seus discípulos: a parábola dos talentos. Ela é muito ilustrativa do que acontece normalmente na vida social. Diz que um rico proprietário fizera uma longa viagem. Antes, porém, chamou seus servos e lhes distribuiu porções em dinheiro (que na parábola são chamados de talentos) a cada um para que administrassem. Ao retornar, vieram prestar contas. Todos multiplicaram seus talentos, exceto um, justo aquele que recebera menos, que resolveu enterrar o seu único talento. A cada um dos demais servos, que multiplicaram seus talentos, o proprietário recompensou dizendo: “foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei” e àquele que enterrou o talento e não o multiplicou disse “tirai-lhe o talento e dai-o ao que tem mais; pois ao que tem ser-lhe-á dado, mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado”.


Dessa parábola quero pinçar apenas a primeira resposta do proprietário aos seus servos fiéis: “foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei”

Todos estamos indignados com o nível de corrupção que atingiu a vida pública brasileira em todos os níveis. E, o pior, em vez de diminuir, a corrupção só faz aumentar.  Chegamos a admitir um “certo grau” de tolerância. Mas será isso correto?

No início dos anos 1990 o Maranhão foi governado por João Alberto, político vinculado ao grupo Sarney e que atualmente também é, como Sarney, senador pelo Maranhão. João Alberto protagonizou então um dos bordões políticos mais lastimáveis, como diria o ex-presidente Lula, desde “nuncaantesnahistóriadestepaís”. Em 1992, candidato a prefeito da Capital, mandou publicar em outdoors por toda a cidade: “Fiz um governo 90% honesto”.  Dr.  Jackson Lago, então prefeito em segundo mandato, patrocinando a eleição de Conceição Andrade, publicou em outros outdoors: “Quem é 90% honesto é 100% desonesto”.  João Alberto foi derrotado e carrega até hoje esse estigma: 90% honesto.

Na época cheguei a dizer que se João Alberto tivesse realmente sido 90% honesto ele já seria, de longe, um dos mais honestos políticos desse país, tal o grau de corrupção que estávamos vivendo. Lastimavelmente talvez hoje ainda seja razoável essa afirmação.  Ao que parece o sistema político não admite uma liderança com o nível de honestidade de100%.

Será que fazer pequenas concessões à ética é aceitável? Será que é razoável alguém ser 90%, 95% (ou outro percentual qualquer) honesto?  Será que uma pessoa que não é fiel no pouco, poderá sê-lo no muito? 


Faça o Teste de Honestidade Pessoal e veja se você tem credibilidade para criticar os políticos.

Marque:  A=Nunca;  B=Às vezes;  C=Geralmente;  D=Sempre

1.       - Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas?  [      ]
2.       - Fala no celular enquanto dirige?  [      ]
3.       - Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas?        [      ]
4.       - Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração?      [      ]
5.       - Troca voto por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, e até dentadura?    [      ]
6.       - Usa o telefone da empresa onde trabalha para ligar para o celular dos amigos? [       ]
7.       - Trafega pelo acostamento num congestionamento?      [       ]
8.       - Para em filas duplas, triplas, em frente às escolas?      [      ]
9.       - Viola a lei do silêncio?    [      ]
10.   - Dirige após consumir bebida alcoólica?    [      ]
11.   - Espalha churrasqueira, mesas, nas calçadas?     [      ]
12.   - Pega atestado médico sem estar doente, só para faltar ao trabalho?   [      ]
13.   - Faz "gato " de luz, de água e de tv a cabo?       [      ]
14.   - Registraria um imóvel num valor mais baixo para pagar menos impostos? [      ]
15.   - Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas?   [      ]
16.   - Compra recibo para abater na declaração de IR para pagar menos imposto? [      ]
17.   - Declararia se negro para ingressar na universidade através do sistema de cotas?  [      ]
18.   - Em viagem a serviço, se o almoço custou 10, pede nota fiscal de 20?  [      ]
19.   - Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes?   [      ]
20.   - Estaciona em vagas exclusivas para deficientes?    [      ]
21.   - Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado? [      ]
22.   - Compra produtos pirata com a plena consciência de que são pirata?   [      ]
23.   - Substitui o catalisador do carro por um que só tem a casca?     [      ]
24.   - Mente a idade do filho para que passe por baixo da roleta do ônibus sem pagar? [      ]
25.   - Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA?   [      ]
26.   - Frequenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho?     [      ]
27.   - Leva do trabalho pequenos objetos, (clipes, envelopes, canetas, lápis)?   [      ]
28.   - Comercializa os vales-transporte e vales-refeição que recebe da empresa?  [      ]
29.   - Ao voltar do exterior mente ao fiscal sobre o que traz na bagagem?  [      ]
30.   - Acha um objeto, com a identificação do dono, mas fica com ele?  [      ]
31.   - Coloca nome em trabalho que não fez?    [      ]
32.   - Coloca nome de colega que faltou em lista de presença?   [      ]
33.   - Paga para alguém fazer seus trabalhos?   [      ]
34.   - Acha uma carteira c/documentos e R$ 1000, devolve mas fica com o dinheiro? [      ]
35.   - Lava a calçada com água tratada?      [      ]
36.   - Fura o sinal quando não há um sensor fotográfico?    [      ]
37.   - Fica com o troco a mais que, por engano, recebeu no caixa do supermercado? [      ]
38.   - Usa os R$1000,00 depositado na sua conta, sem procurar saber a origem?     [      ]
39.   - Bate num carro ao manobrar e, como ninguém viu, vai embora aliviado?     [      ]
40.   - Subtrai pequenos objetos de gôndolas de supermercado e põe na bolsa?      [      ]       


As respostas ao teste coloquei no post anterior. Faça o teste sinceramente, para sua economia pessoal.

Anote num papel as quantidade de respostas A; B; C e D. Só então, veja a apuração no blog anterior.

Mas se você conseguir enganar-se a si mesmo, não precisa olhar a resposta.

Respostas ao Teste de Honestidade Pessoal:



Critério de Apuração:














Padrões de Referência:











 Classificação :

 400 pontos               
Você não existe. Você pensa que existe, mas isso é uma ilusão.

O que vc pode fazer? 
Belisque-se, morda a língua. Se doer, corra a um especialista e peça para ser usado numa pesquisa genética de melhoramento da raça.

Credibilidade:           
Total. Você pode ser chamado pelo Altíssimo para ajudar na administração do Universo.

Nível 1:  Mais de 375 pontos:
Você é quase perfeito! Uma pessoa honestíssima, altamente conscienciosa e de excepcional valia para a sociedade. Tem caráter e grande força moral. Não precisa de vigilância para agir corretamente. Tem capacidade própria para resistir às demandas dos corruptores. Será um excelente pai ou mãe de família, infundindo valores firmes aos seus filhos e influenciará positivamente amigos, parentes e vizinhos.  

O que vc pode fazer?          
Você pode atuar em prol de grupos comunitários e organizações não governamentais com ótimas possibilidades de promover valores sociais e coletivos. Pode também usar sua força moral para influenciar jovens e adolescentes nos meios onde tem influência, engajando-se em programas de cultura da cidadania. Pode ainda, se tiver dom e carisma pessoal, candidatar-se a um cargo público. Seria um político exemplar, incorruptível, no estilo Pedro Simon.  

Credibilidade:           
Altíssima. Você pode criticar a corrupção dos políticos com segurança pois tem moral para tanto.

Nível 2: De 345 a 374 pontos:
Você é uma pessoa bastante honesta, correta e conscienciosa, um cidadão de valor. Respeita a ordem e procura fazer a sua parte. É confiável e seguro de si. Porém tolera uma certa flexibilidade, que, embora pequena, pode ser uma porta para a corrupção. Quando sob vigilância reage muito bem, mas em situações onde se sinta seguro sofrerá tentação para ceder um pouco. O problema é que esse “um pouco” pode crescer e sair de controle.  Contudo você tem boa resistência para mantê-lo sob controle e será capaz de usar essa flexibilidade em prol de ganhos maiores para a vida em geral, não exclusivamente para si.

O que vc pode fazer?          
Primeiramente buscar, seja na religião, seja na filosofia, leituras que fortaleçam sua posição moral e ética.  Inspirar-se em bons exemplos e boas biografias será de grande utilidade pois você já tem a base. Com esta base você pode facilmente melhorar seu perfil e tornar-se ainda mais confiável.   Você pode engajar-se em organizações que promovem o bem-estar coletivo e defendem princípios da dignidade e da cidadania. Tem moral para isso.

Credibilidade:           
Alta. Você pode criticar a corrupção dos políticos. Mas tem consciência de que não é uma questão simples. Sabe muito bem que você mesmo seria tentado e precisa estar atento para resistir. Precisa ser mais vigilante e criterioso consigo mesmo.

Nível 3: de 314 a 344 pontos:
Você ainda é uma pessoa honesta e confiável, porém adota um grau de flexibilidade num nível suficiente para representar perigo ao agir sob pressão ou resistir a oportunidades seguras de ferir a ética. Tem razoáveis princípios de cidadania, porém tende a relativizar em proveito próprio em coisas, a seu ver, de menor importância.

O que vc pode fazer?          
Buscar com diligência reforçar sua posição ética e moral mediante participação em grupos de desenvolvimento humano. Se não fizer nada a respeito sua base pode enfraquecer e, até mesmo, desmoronar diante de uma pressão imprevista. Use a religião ou a filosofia, mediante leituras e práticas comunitárias, para promover o seu autodesenvolvimento. Use sua influência familiar, seja como pai, mãe ou filho(a) como laboratório. Exercite seus valores para fortalece-los. Você pode ser um político, mas terá que despender muita força moral para não cair na vala comum. Entretanto você tem base potencial para se superar.

Credibilidade:           
Média. Você ainda tem moral para criticar a corrupção dos políticos, mas, no fundo, sabe que teria certa dificuldade se estivesse no lugar deles. Você pensa ser razoável que um político seja 90% honesto, como disse o senador maranhense João Alberto em 1992. Mas lembre-se da resposta do então prefeito de São Luís, Dr. Jackson Lago: “Quem é 90% honesto é 100% desonesto”.  

Nível 4: de 283 a 313 pontos:
Você está sendo uma pessoa flexível demais e, por isso, apenas razoavelmente honesta.   A relativização dos valores éticos e morais na sociedade pós moderna atual pode estar exercendo grande impacto sobre você e corroendo seus valores. Você pode estar sendo vítima do efeito Rui Barbosa: De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.

O que vc pode fazer?          
Reagir, enquanto é tempo! Pare e comece a reformular seus princípios. Precisa refletir sobre si mesmo e perguntar-se sobre o real sentido de tudo isso que é a vida e o mundo. Precisa redescobrir o valor da ética e da moral e fortalece-los em você. Estabeleça um programa de atenção em todas as suas atitudes e conte até 3 antes das decisões.

Credibilidade:           
Baixa. Você tende a criticar a corrupção dos políticos mais como uma forma de desabafo, como um tipo de justificativa oculta para generalizar sua própria conduta.  

Mais de 252 a 282 pontos
Você não chega a ser abertamente desonesto, mas está bem próximo. Tem baixa resistência à pressão e é propenso a ceder quando sem vigilância.

O que vc pode fazer?          
Reconstruir seus alicerces éticos e morais quase do zero. Precisa urgentemente estudar filosofia e aderir a uma religião. Precisa encontrar alguma pessoa amiga que lhe sirva de referência ética e moral.

Credibilidade:           
Baixa. Você não tem credibilidade nem força moral para criticar os políticos corruptos. Se fosse um político você provavelmente faria o mesmo que eles fazem.


Nível 6: de 221 a 251 pontos
Você já é um corrupto em potencial e se surgir a oportunidade certa você botará a mão na bufufa!

O que vc pode fazer?          
Precisa reconstruir seus alicerces éticos e morais quase do zero. Precisa urgentemente estudar filosofia e aderir a uma religião. Precisa encontrar alguma pessoa amiga que lhe sirva de referência ética e moral.

Credibilidade:           
Muito baixa. Você não pode criticar os políticos corruptos. Se fosse um político você certamente seria um deles.


Nível 7: até  de 220

 pontos:                     
Você já é um desonesto pleno e um corrupto pronto.  

O que vc pode fazer?          
“Vigiar e orar, para não cair em tentação”

Credibilidade:           
Baixíssima. Você não pode criticar os políticos corruptos.