Em São Paulo, de férias com a
esposa, visitando genro e filha, resolvemos presentear o casal pelos 5 anos de
casados completados ontem, 12/01/2012. Um presente significativo: trocar o
carro deles, um popular 1.0, por outro com ar condicionado. Afinal, é item
necessário, principalmente pela segurança de poder trafegar com os vidros
fechados. Depois de avaliar diversas opções decidimo-nos por um Ford
Fiesta, pois estava em promoção com dois outros itens de segurança raros em
carros populares: freios ABS e air-bags. “É pronta entrega”, respondeu o vendedor quando
perguntamos. Foi feita a avaliação do usado e a negociação, etc. Assinamos os
papéis, fui ao banco e paguei a diferença à vista. Tudo pronto. E então, a
surpresa: “O carro não está em São Paulo e sim no nosso depósito, em Caçapava e
só será entregue em cinco dias”. Fiquei fulo da vida, aborrecido e muito irritado. Por
que o brasileiro é assim, sempre desonesto? O cara tinha levado a gente pra ver
o carro no pátio. Tinha dito “esse é o carro”. E agora vinha com essa, de que “esse
é o carro” queria dizer apenas que “esse é o tipo de carro”! Pode? A ainda
insistiu em dizer que havia informado que a pronta entrega padrão da loja é de
5 dias úteis. No fim eu é que seria o culpado, por não ouvir direito! Veio o gerente. Escutou a história e disse “A
gente treina esse povo mas eles, na ânsia de vender, cometem esses erros. O
senhor nos perdoe”. O resultado é que o jeitinho e a malandragem sempre
aparecem para transformar um momento de alegria em aborrecimento. “Vamos fazer um exercício mental e esquecer
esse pequeno aborrecimento” – falei pra minha turma. De noite fomos jantar
juntos.
Hoje fui ao Mercado Municipal.
Andando daqui pra ali entre os boxes do
famoso mercado, com frutas e iguarias exóticas de todas as partes do Brasil e
do mundo, com aquela riqueza de odores, cheiros e cores que enchem nossos
sentidos. Num dos boxes, perguntei: “Qual o preço da ata[1]?” “R$ 20,00 o quilo. Quer experimentar?” “Não, não, obrigado”. “Tome, experimente, por
favor”, e foi logo cortando uma delas e me dando a metade num guardanapo. Meio
sem jeito, aceitei. Enquanto degustava olhei para a cesta de athemoya, uma fruta exótica da Amazônia. O
cara, mais que rápido, pegou uma e já veio com outro naco pra mim. Rejeitei.
Mas ele, insistente, me fez pegar uma lasquinha. Ainda no meio, vem ele com uma
pitaya, vermelha, suculenta! Essa rejeitei mesmo, com toda força das palavras e
gestos, já que havia acabado de almoçar. Agradeci e, quando ia saindo, adivinha
o que aconteceu? O sujeito começou a me insultar, dizendo que eu dissera que
iria comprar a ata e por isso ele partiu uma pra eu provar. “O senhor quer
comer de graça? Tá escrito besta aqui
na minha testa?” Gente, eu fiquei
branco, depois vermelho, sem fala! Mas minha paralisia durou só uma fração de
segundo. Gritei mais alto que ele: “Não tá escrito besta, mas deveria estar escrito CRETINO”. Eu gritei com força e num tom intimidativo. “Eu não pedi nada, o senhor foi quem insistiu
pra eu provar. E, quer saber, agora é que eu não compro mais nesse box, nem
hoje nem nunca mais. O senhor deve ser daqueles que sentam no sofá de noite,
assistem ao jornal na TV e ficam indignados com as falcatruas dos políticos.
Mas o senhor é igualzinho a eles.” Falei
tudo assim, de supetão, naquelas lacunas mágicas de silêncio que às vezes
ocorrem. O cara ficou tão sem graça, afastou-se para o fundo do box sem dizer
mais nada. Os companheiros vendedores de outros boxes olhavam com rosto
surpreso, como se não acreditassem no que viam.
Saí apressado e fui embora,
aborrecido até a alma. Me pergunto sempre, por que, meu-deus-do-céu, o
brasileiro é assim? Seja na maior
concessionária Ford de São Paulo, a CAOA, seja num box de mercado, na compra de
um carro ou de uma ata, sempre a malandragem, o jeitinho, a tentativa de
ludibriar! A impressão que dá é que tá
tudo perdido. De cima a baixo, de fio a pavio, do pedreiro ao magistrado, tá
tudo podre!
Sei que não é bem assim, mas,
tem hora que dá um desespero. Parece que não se pode mais confiar em ninguém. Sinceramente, do jeito que as coisa vão, fico
pensando quanto tempo vai demorar para que nos tornemos um país sério.
Faustino, acabei de chegar de Palmas... ainda existem umas preciosidades de pessoas que se aventuram em serem dignas. Lá, com esta minha cabeça que só Jesus na causa, perdi meu celular na colação de grau da minha prima e me devolveram. No shopping, na pressa, deixei cair o cartão do banco antes de entrar na sala do cinema. Dei falta dele meia hora depois de sair do cinema, quando quis pagar no débito uma compra. Desconfiado de que perdi no cinema e fui ao caixa... e fiquei pasmo que depois de tanto tempo a gerente aguardava o dono do cartão com ele em mãos e me devolveu gentilmente... mas sei que são raridades... é irônico, mas infelizmente, fui afortunado com esses episódios. A regra geral seria nunca mais ver meus pertences. Uma vergonha... mas será que ainda podemos ter esperança?
ResponderExcluirPara informação: vim a saber agora que depois de alguns meses da publicação deste post o Senador quitou finalmente a sua dívida com os médicos. Antes tarde do que nunca.
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