Fico impressionado quando
entro em sites ateístas. A maioria deles não se contenta em “demonstrar” as
modernas teorias neodarwinianas. Não, agora eles partiram para o ataque. E usam
para isso as mesmas armas que condenam no fundamentalismo religioso: fundamentalismo.
Eles estão conseguindo ser mais fundamentalistas do que os mais ferrenhos
fundamentalistas! “Agora somos nós!” –
gritam. “Chegou a nossa vez. Não vamos nos calar. Vamos nos orgulhar de sermos
ateus. Vamos lutar para destruir a religião da face da terra e salvar a
humanidade desse mal terrível”.
Para eles, só a Ciência! Quem
estiver fora dela está fora do mundo. Pior, não somente está fora: é um doente,
um desvio genético, um imbecil, burro, idiota, desinteligente, bruto, canalha,
falso. Pior, segundo eles, essa doença é endêmica, causada por um perigoso vírus
cultural, que eles descobriram “cientificamente”, chamado de Meme, que é,
segundo eles, o correspondente cultural do Gene biológico. E, mais, enquadram
todos os cientistas: ai daquele que cometer o pecado de verbalizar a menor sombra de dúvida. Será lançado ao ostracismo, ao desprezo, por
não acreditar na “Boa Nova” científica da origem da vida e da evolução dela
durante bilhões e bilhões de anos, ao sabor do Acaso, pela Luta com a sobrevivência
do mais forte, conduzida pela Seleção Natural, até chegar ao homem, com
inteligência e consciência. Tem que
rezar pela cartilha do neodarwinismo para poder comer o pão da Ciência. Quem não se ajoelhar ao Profeta Darwin, não
reverenciar seus apóstolos e nem crer na sua Trindade (Luta, Acaso e Seleção
Natural), perderá seu posto, não terá dinheiro para pesquisas e será
ridicularizado como herege. Quem disser que não crê, vexe!, esse vai direto pra
o paredão de fuzilamento e daí ao quinto dos infernos. E de que vive um cientista senão de
pesquisas, financiadas por grandes e poderosas instituições, que não vão admitir
que seus nomes sejam associados a um palavrão tão hediondo e nefasto como
teísmo, ou – aí já é demais: criacionismo?
Eles dizem que o mundo não tem
propósito algum, que a Seleção Natural (o “Espírito Santo” do neodarwinismo) é
cega, que os genes são egoístas, que o homem não tem escolha (livre arbítrio): a
moral está a serviço da corrente genética em constante evolução. Portanto, não
existe certo ou errado e sim um conjunto de regras gerais para garantir a
preservação o aperfeiçoamento da espécie. Para fugir do beco sem saída que
ideias como essa podem causar na prática (vide as tentações eugênicas que nos
rondam) Dawkins, o “Apóstolo Paulo” do Neodarwinismo, descobriu, “cientificamente”,
(ou seria por revelação genética?) que nós somos a única espécie que pode ir
contra os genes. E ai de quem não respeitar esse dogma.
A laureada cientista Lynn Margulis, da Academia
Americana de Ciências, ex-esposa do famoso cético Carl Sagan, disse certa vez:
“A história acabará por julgar o neodarwinismo como uma pequena seita religiosa
do século XX dentro da fé religiosa geral da biologia anglo-saxônica”. (Margulis faleceu em novembro de 2011). A
Academia não teve coragem de execrá-la (por seu background de serviços
prestados à ciência). Teve que engolir.
Pode ser que Lynn Margulis esteja certa em sua profecia,
pode ser que não. Quem vai saber? Mas uma coisa é clara: ela não era uma burra,
idiota, doente, tola, imbecil, falsa, desonesta. Ou era? Com a palavra os dowkinianos de plantão.
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