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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Neodarwinismo: Um Novo Meme?


Fico impressionado quando entro em sites ateístas. A maioria deles não se contenta em “demonstrar” as modernas teorias neodarwinianas. Não, agora eles partiram para o ataque. E usam para isso as mesmas armas que condenam no fundamentalismo religioso: fundamentalismo. Eles estão conseguindo ser mais fundamentalistas do que os mais ferrenhos fundamentalistas!  “Agora somos nós!” – gritam. “Chegou a nossa vez. Não vamos nos calar. Vamos nos orgulhar de sermos ateus. Vamos lutar para destruir a religião da face da terra e salvar a humanidade desse mal terrível”.

Para eles, só a Ciência! Quem estiver fora dela está fora do mundo. Pior, não somente está fora: é um doente, um desvio genético, um imbecil, burro, idiota, desinteligente, bruto, canalha, falso. Pior, segundo eles, essa doença é endêmica, causada por um perigoso vírus cultural, que eles descobriram “cientificamente”, chamado de Meme, que é, segundo eles, o correspondente cultural do Gene biológico. E, mais, enquadram todos os cientistas: ai daquele que cometer o pecado de verbalizar a menor sombra de dúvida.  Será lançado ao ostracismo, ao desprezo, por não acreditar na “Boa Nova” científica da origem da vida e da evolução dela durante bilhões e bilhões de anos, ao sabor do Acaso, pela Luta com a sobrevivência do mais forte, conduzida pela Seleção Natural, até chegar ao homem, com inteligência e consciência.  Tem que rezar pela cartilha do neodarwinismo para poder comer o pão da Ciência.  Quem não se ajoelhar ao Profeta Darwin, não reverenciar seus apóstolos e nem crer na sua Trindade (Luta, Acaso e Seleção Natural), perderá seu posto, não terá dinheiro para pesquisas e será ridicularizado como herege. Quem disser que não crê, vexe!, esse vai direto pra o paredão de fuzilamento e daí ao quinto dos infernos.  E de que vive um cientista senão de pesquisas, financiadas por grandes e poderosas instituições, que não vão admitir que seus nomes sejam associados a um palavrão tão hediondo e nefasto como teísmo, ou – aí já é demais: criacionismo? 

Eles dizem que o mundo não tem propósito algum, que a Seleção Natural (o “Espírito Santo” do neodarwinismo) é cega, que os genes são egoístas, que o homem não tem escolha (livre arbítrio): a moral está a serviço da corrente genética em constante evolução. Portanto, não existe certo ou errado e sim um conjunto de regras gerais para garantir a preservação o aperfeiçoamento da espécie. Para fugir do beco sem saída que ideias como essa podem causar na prática (vide as tentações eugênicas que nos rondam) Dawkins, o “Apóstolo Paulo” do Neodarwinismo, descobriu, “cientificamente”, (ou seria por revelação genética?) que nós somos a única espécie que pode ir contra os genes. E ai de quem não respeitar esse dogma.

A laureada cientista Lynn Margulis, da Academia Americana de Ciências, ex-esposa do famoso cético Carl Sagan, disse certa vez: “A história acabará por julgar o neodarwinismo como uma pequena seita religiosa do século XX dentro da fé religiosa geral da biologia anglo-saxônica”.  (Margulis faleceu em novembro de 2011). A Academia não teve coragem de execrá-la (por seu background de serviços prestados à ciência). Teve que engolir.

Pode ser que Lynn Margulis esteja certa em sua profecia, pode ser que não. Quem vai saber? Mas uma coisa é clara: ela não era uma burra, idiota, doente, tola, imbecil, falsa, desonesta. Ou era? Com a palavra os dowkinianos de plantão.



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