Seu Lobo

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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Meninas sem rumo – ou um passo além da indignação



Muitos vimos, com um misto de indignação, revolta e desesperança, as reportagens da TV sobre o “bando” de meninas vadias pelas ruas de SP, cometendo furtos e roubos em lojas. Quatro meninas entre 10 e 14 anos; crianças! As imagens não mostraram os rostos, mas dava pra vê-los em inúmeras outras crianças abandonadas país a fora.  O mais dramático para mim, o fato de serem meninas.  Parecem mais frágeis, embora o sejam tanto quanto os meninos nos faróis. Mas não se espera que meninas de 12 anos furtem e roubem. É chocante! E não adianta vir agora com ingenuidades. Essas crianças necessitam de acolhimento e proteção do Estado. 

Elas já foram recolhidas “n” vezes pelos policiais, e –  sempre há uma explicação – voltam às ruas, aos furtos e aos roubos.  Uma lojista guardou uma barra de ferro sob o balcão. “Não vou mais permitir isso. Vou me defender. Vou bater mesmo. Não posso ficar à mercê delas”.   Agora imagine uma mulher dessas, que deve ser provavelmente uma mãe de família, danando uma barra de ferro na cabeça de uma criança de 12 anos!  Olha a cena! 

O que nos leva a esse limiar da insanidade? Tudo! A indignação – por que ainda resta, parece que é só o que resta, e ainda bem que ainda resta.  A revolta – por que pagamos os nossos impostos, e não são baixos, e vemos os políticos corruptos consumi-los e o Estado incompetente para dar respostas. A desesperança – porque parece não ter fim esse estado de coisas, quanto mais o tempo passa e mais o mundo se torna moderno e evoluído tecnologicamente e o país cresce.  Impotência!

Sim, pode passar em nossa cabeça demonstrar amor a essas crianças, recolhendo-as nós mesmos! Mas isso não é viável nem legal. Como vamos fazer isso? Não é tão simples assim. E os custos? E os riscos? E o tempo?  Mas, apesar de tudo, tem um bocado de gente fazendo justamente isto.

Vimos que a polícia localizou e prendeu as mães dessas crianças e as indiciou pelo crime de “abandono de incapaz”. Fiança? R$ 182,00. Não sabemos nada a respeito dessas mães. Mas, pelo visto, é bem provável que elas próprias sejam ex-incapazes abandonadas.  Será que a prisão dessas mães resolve alguma coisa? (Em menos de 24 horas a justiça paulista, atendendo pedido do Ministério Público, mandou soltar as mães).

Soluções? Com a palavra os especialistas!  E tem muitos deles por aí, incluindo os pagos pelos nossos impostos. Mas, sem querer aprofundar aqui, vale dizer de pronto: a solução não é policial. Passa, bem antes, pela família, pelas políticas sociais e, em especial, pelo modelo de sociedade que estamos construindo.

E quanto a nós? Compete apenas pagar os impostos?  É a resposta de muitos. Porém, ao que parece, outros caminhos são possíveis.  Qualquer um pode associar-se a algum grupo ou entidade de apoio social e ajudar de alguma forma. Se pouco servir, pelo menos pode contribuir para dar algum sentido à vida de muita gente por aí. De quem dá e de quem recebe.  Um passo além da indignação. Pode ser?

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