Pouca gente percebeu. No jogo Brasil x EUA na copa de futebol feminino, na Alemanha, o Brasil recorreu à artimanha - menos arte do que manha - e se deu mal. O indefectível jeitinho brasileiro, aquela malícia má mesmo, que busca enrolar, ludibriar, roubar, tudo o que for possível para o resultado. Ainda não conheço bem os nomes – e nesse caso, melhor não – pois uma das nossas zagueiras, para ganhar tempo ilicitamente, simplesmente tchibungou no chão (tchibungar no sertão é mergulhar no açude). Caiu feito uma morta, na pequena área, fora do lance, sem ninguém perto, para simular uma contusão. Isso no segundo tempo da prorrogação, há poucos minutos do final. Cada segundo é precioso nessa hora, então vamos surrupiar alguns, fazendo uma cerinha. Faz parte – dirão todos – Qual é o problema? Pára o jogo, juíza vem correndo pra verificar, espera a “morta” se levantar, nada. Cutuca, nada. Entra a maca, spray pra cá, massagem pra lá, pega daqui, pega dali, põe finalmente na maca. Assim que a maca sai do campo, a “morta” pula que nem um gambá – a maca ainda alta – e sai em disparada, lépida e faceira, para a lateral do campo pra voltar pro jogo. O público ficou perplexo! Que-qué-isso, minha gente! O estádio inteiro vaia, vaia, vaia bem alto, uma vaia ensurdecedora e demorada! A morta viva, nem pixite, cara mais cínica.
A simulação foi tão acintosa e revoltante que a juíza se zangou e soltou as canecas: passou um cartão amarelo na esperta e acresceu TRÊS MINUTOS no tempo! O resultado? Acabou o tempo normal, Brasil 2x1. Passou um minuto, Brasil 2x1. Passou outro minuto, Brasil 2x1. Já no meio do terceiro minuto, gol dos EUA: 2x2! Nos pênaltis, perdemos.
Não, não perdemos nos pênaltis. Perdemos na esperteza, na manha, na falta de vergonha, no jeitinho que faz parte, na enrolação, no engodo, no roubo. “Todo mundo faz, faz parte, é do jogo”. Eu te juro, quando vi aquilo, fiquei foi com vergonha. Me senti vaiado por aquela multidão, como quem pego no flagra. Te juro, também: lavei meu peito com o gol dos EUA justo no meio daquele terceiro minuto! Sou brasileiro, sim, adoro futebol, mas “ainda tenho um pouco de orgulho em mim”, como diria RC. Fiquei triste pela derrota, claro. Mas achei foi bom aquele gol dos EUA, juro. Toma!
Pronto, podem jogar pedras.
Eu não acompanhei nada do Mundial, deu uma pena saber que fomos eliminados novamente pelos EUA, mas depois desse detalhe, que aparentemente ninguém abordou, pareceu justíssima a eliminação. Pena que dificilmente alguém vai mostrar para as próximas seleções que é mais bonito perder jogando justo do que ganhar catimbando acintosamente.
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