Voltei da minha visita, curiosa e meio constrangida pelo desafio, à Escola de Cegos do Maranhão. Foi a primeira vez em que eu visitei esse trabalho. Não foi uma visita muito produtiva, pois os diretores não se encontravam no momento. A atendente, a jovem Maria Rita, é voluntária. Colabora três vezes por semana, nos telefonemas para doações. Ela me forneceu algumas poucas informações. Deixei meu contato para que o presidente da escola, Sr. Antônio Rocha, marcasse pra conversar comigo. Maria Rita me falou que ele é completamente cego.
Eu quero saber mais sobre a instituição, qual sua natureza, como funciona, quais as fontes de financiamento e manutenção, se tem dinheiro público envolvido, como é a administração, a aplicação de recursos e a prestação de contas; que tipo de trabalho exatamente eles fazem, quem trabalha, quem faz o que e de que maneira; se têm algum planejamento de longo prazo, etc. Assim poderei avaliar a melhor forma de colaborar.
Fui para ver as caras. E as vi. Vi jovens, crianças e adultos, homens e mulheres, completamente cegos. Um ou outro com cegueira severa. Vi olhos sem a parte preta (dá uma sensação de gastura na gente!), vi olhos sem brilho, vi olhares distante, outros sem controle das pupilas; uns com olhos em cicatriz, outros com olhos fechados; uns com óculos, outros sem. Vim um adolescente de uns 16 anos simplesmente sem olhos – uma má-formação congênita! Vi uma menina de uns 9 anos, tão linda, brincando, apreciando seus brinquedos com o tato.
O que essa gente faz lá? Estuda. Isso mesmo! É uma escola. Há livros em Braile, de matemática, português, história, geografia, ciências. A Prefeitura de São Luís disponibiliza duas professoras especializadas em Braile para as classes. Há duas salas de aula. Os alunos são de São Luís e do interior do Estado. Os do interior moram na escola. Há dois alojamentos, masculino (o maior) e feminino. Os alunos da capital vem todo dia de manhã e passam o dia na Escola. Há café da manhã, almoço e janta.
A voluntária explicou que tudo lá é adquirido por doações. Tem empresas que fornecem a alimentação durante todo o ano. Ela não soube precisar detalhes. Disse apenas que todo o serviço é voluntário. A igreja católica faz missas aos sábados. Pessoas de igrejas evangélicas às vezes aparecem para ajudar. Há vários doadores e colaboradores voluntários. Perguntei se alguém era funcionário registrado da escola, não soube responder. A comida é feita por voluntários ou por pais de alunos. Nesse dia, a cozinheira tinha ido ao médico. Quem fazia a comida? Uma mãe de aluno.
Observei que há um conjunto de prédios novos recém edificados. São novas salas e alojamentos. Tudo muito bem feito, com lajotas, bem pintados, com capricho. Causou-me boa impressão. O terreno é grande – assim, no olhômetro, estimei uns 100m x 100m, ou seja, 10.000m2, na margem da avenida mais movimentada (e engarrafada) da capital (Av. Jerônimo de Albuquerque, quase em frente ao Hospital São Domingos). Há árvores frondosas – mangueiras e outras – com boa sombra.
Como disse, vi caras. E ao vê-las, ardeu-me o coração. Eles, contudo, não vêem caras. Vêem apenas o coração.
Continua...
"MEUS IRMÃOS... EU COMI"
ResponderExcluirhhahahahhahaha...
Tá lembrado de mim S.Faustino?
Você veio aqui na minha casa comer o famoooso pão recheado que minha irmã faz....hahahah
Nunca mais eu esqueci do "Meus irmãos, eu comi!
Que booom vê-lo por aqui...
Que este espaço tenha vida looonga "enquanto o seu lobo não vem"....heheheheh
Quando quiser, passa lá no meu espacinho pra uma visita...serámuuito bem-vindo!
http://bomhumor-inabalavel.blogspot.com/
"Como disse, vi caras. E ao vê-las, ardeu-me o coração. Eles, contudo, não vêem caras. Vêem apenas o coração" .
ResponderExcluirPreciso dizer que chorei com a citação...
Se boa parte das pessoas no mundo, dispusessem seus próprios olhos pra sociedade, passariam a enxergar as coisas completamente diferentes...lutariam pelo "bem"..
Mas enfim...só os raros enxergam assim....e porque Deus os escolhe! =D
LINDO POST!
Parabéns!
Beijão