Estamos perdidos. Perdemos a guerra. A guerra contra as drogas, contra a violência, contra a corrupção. E parece que estamos perdendo a última guerra, a da esperança. Quando o projeto político do presidente “nunca antes” venceu, há 9 anos, um trovão ressoou de norte a sul: “A esperança venceu o medo”! 53 milhões de votos juntaram-se num grito de liberação de uma esperança incomensurável. Enfim a oposição ideológica chegava ao poder, apenas 20 anos após a ditadura. O discurso de posse do presidente eleito foi uma peça brilhante! O povo celebrava nas ruas, reportagens nas TVs do mundo inteiro mostravam a façanha da ascensão do operário sindicalista de esquerda. O prato, o queijo, a faca na mão e a vontade de cortar. Não faltava nada!
Faltava! O sapo barbado de esquerda virou o príncipe da grande mídia. Na sedução do poder o discurso de posse foi deixado de lado. Em seu lugar entrou o projeto de manutenção do poder. Em vez de usar a força popular que o elegeu como respaldo para pressionar o Congresso a aprovar as reformas necessárias, o príncipe midiático preferiu alianças com o que há de mais execrável na política brasileira. Dirceu, o estrategista do Araguaia, entra em cena e idealiza a bolsa “minha família política no Congresso”, apelidada de mensalão – pode acreditar: pagamentos mensais para que deputados votassem a favor do governo! Companheiros em massa são chamados para os cargos “de confiança” em todos os escalões, muitos deles incompetentes, corruptos e aloprados.
Houve avanços? Claro que sim. Muitos. Mas a um preço tão grande que chega a anular o efeito deles. Porque avanço tem que se dar no campo político. Não adianta avançar em projetos sem apoio político autêntico. E autenticidade não se compra, se obtém no campo da ética. E, nesse campo, fracasso total.
Em 2010, findo o primeiro ciclo duplo do projeto tido originalmente como popular, o povo, sem alternativa, teve que optar pelo menos pior, a continuidade, ainda em busca da esperança quase perdida. Pela primeira vez uma aliança de esquerda conta hoje com folgada maioria nas duas casas do Congresso. Mas uma maioria sem força moral, frágil, volúvel, construída na barganha. O novo governo continua a andar de lado, patinando na ética, perdido na articulação política (expressão culta para a velha prática do toma-lá-dá-cá) mas, agora, sem nem a sombra do apoio popular do início.
Conversando com um pequeno empresário essa semana ele me disse: “Amigo, perca suas esperanças. A coisa tá tão podre que não há a menor possibilidade de mudança agora. Vamos ter que morrer, nossa geração, a próxima, a seguinte, e aí, talvez, da 4ª geração pra frente, possa haver esperança de novo”. Fiquei estupefato! Será? Minha esperança ficou por um fio. Alguém aí me lança uma boia!
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